Pergunta errada.
Segundo Viktor Frankl, o que você realmente precisa se perguntar para descobrir o sentido da vida é:
— O que a vida quer de mim?
Hoje, pela manhã, vim dar aula, como faço toda quarta-feira. Os alunos, contudo, não vieram. Nenhum. Achei ótimo. Desci para a biblioteca e continuei a leitura de The catcher in the rye (a tradução desse título para o português “O apanhador no campo de centeio” me soa muito mal).
Comprei este livro há muitos anos. Na ocasião, ignorava completamente o fato de ser um clássico da literatura. Comprei apenas porque soube que Mark Chapman segurava um exemplar no momento em que atirava em John Lennon. O que poderia haver naquele livro, que motivasse aquele ato extremo? Então, comecei a ler, achei chato, parei de ler, fechei, guardei e nunca mais abri, pelas próximas duas décadas.
Então, até reabri-lo, recentemente, vivi por vinte anos — sem saber ao certo o que eu queria da vida e muito menos o que ela queria de mim. Mas vinte anos de experiência fizeram uma boa diferença quando reencontrei aquelas páginas, agora surpreendentemente geniais.
A má notícia para o jovem que me lê agora é: algumas coisas só podem ser realmente desfrutadas mediante alguma experiência de vida. Sinto muito.
Embora ainda não tenha chegado no final, posso dizer, seguramente, que o livro é sobre um jovem (é narrado, em primeira pessoa, por um adolescente) que, na melhor das hipóteses, não sabe o que quer da vida e nem o que a vida quer dele. Isso é tudo o que vou revelar.
Quando, diante de um inesperado tempo livre proporcionado pela falta de quórum na minha classe, escolho ir para a bilbioteca ler um livro, demonstro não saber o que quero da vida. A vida, contudo, revela o que quer de mim.
Obrigado.